A ministra da Cultura, Margareth Menezes, informou que a Suíça ofereceu ajuda para a restauração do relógio do século 17, destruído durante os ataques golpistas de 8 de janeiro no Palácio do Planalto.
Fabricada pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot, a peça rara foi um presente da Coroa Francesa a dom João VI, que a trouxe ao Brasil em 1808.
O relógio ficava exposto na sede do Poder Executivo e foi danificada pelo bolsonarista radical Antônio Cláudio Alves Ferreira. O homem de 30 anos está preso em Uberlândia (MG).
“Provavelmente, vai acontecer. Recebemos da Suíça o oferecimento de uma ação para recuperação daquele relógio. Estão oferecendo [a ajuda] pra fazer uma honraria ao Brasil, porque eles têm uma empresa de restauradores que tem um conhecimento muito grande naquele tipo específico de relógio”, disse Margareth Menezes durante entrevista nesta quarta-feira (8).
A ministra não deu detalhes, mas disse que deve haver um intercâmbio de conhecimento entre restauradores suíços e brasileiros. “Uma ação para mostrar uma atenção por esse momento da democracia do Brasil”, completou a ministra.
A obra danificada é feita de casco de tartaruga e com um bronze que não é fabricado há dezenas de anos.
Existem apenas duas peças do tipo feitas por Balthazar Martinot. O outro relógio está exposto no Palácio de Versailles, na França, mas possui a metade do tamanho da peça que foi destruída pelos invasores do Planalto.
O valor do relógio não foi informado. A recuperação é considerada muito difícil por especialistas.
Cálculo de danos
Margareth Menezes afirmou que técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ainda calculam o valor total do prejuízo provocado por bolsonaristas nas sedes dos Três Poderes.
“Ainda não temos avaliação total. Como avaliar obras de arte? É muito difícil ainda mais que foram muitas coisas quebradas, coisas de grande valor”, declarou.
Outra ação que está sendo planejada pelo Ministério da Cultura é a criação de um memorial da democracia.
“Está ainda sendo criado. Tem uma equipe do Iphan que está buscando ideias sobre isso, trazendo pessoas da sociedade civil pra fazer esse memorial. Mas eu acho importantíssimo a gente ter esse espaço de memoria, para que isso nunca mais aconteça”, afirmou.