Uma em cada cinco crianças brasileiras toma medicamentos sem receita médica

É comum encontrarmos uma farmacinha repleta de medicamentos em muitos lares. No dia a dia, esse arsenal se transforma em um aliado dos pais, que frequentemente recorrem a ele para tratar doenças como febre, gripe, dor de garganta e distúrbios gastrointestinais nos filhos. No entanto, essa conveniência esconde uma série de riscos que podem comprometer a saúde das crianças.

 

Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) revela que uma em cada cinco crianças brasileiras, com idades entre zero e 12 anos recebe medicamentos de pais ou responsáveis sem prescrição médica para tratar problemas agudos. Os medicamentos mais comuns nesse cenário são analgésicos, antitérmicos e até mesmo antibióticos.

 

Embora a intenção de aliviar os sintomas seja comum, a automedicação pode levar a complicações graves. A farmacêutica Glaucia Mara Rorato Maccari da Prati-Donaduzzi, destaca que cada medicamento possui características e instruções específicas que devem ser seguidas rigorosamente. “Os pais devem ler atentamente o rótulo e a bula do medicamento para verificar se ele tem indicação pediátrica, a fim de evitar qualquer erro na administração. Além disso, é essencial informar ao médico sobre o uso de qualquer medicamento adquirido sem prescrição, incluindo vitaminas, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios”, explica.

 

Um dos principais riscos é a toxicidade dos medicamentos. As crianças são especialmente vulneráveis a reações adversas, uma vez que seus organismos estão em desenvolvimento; doses consideradas seguras para adultos podem ser perigosas para elas. A resistência a antibióticos também é uma preocupação crescente, exacerbada pelo uso inadequado desses medicamentos sem supervisão médica.

 

“A automedicação pode levar ao agravamento do quadro clínico inicialmente apresentado, dificultar a identificação de doenças devido ao mascaramento dos sintomas e resultar em necessidade de intervenções médicas. Além disso, pode causar alterações metabólicas e imunológicas, aumentando o risco de reações adversas e graves intoxicações”, alerta Glaucia.

 

Outro aspecto que merece atenção é o armazenamento de medicamentos em casa. “É fundamental mantê-los fora do alcance das crianças. Escolha um local seguro para evitar riscos de uso acidental, doses excessivas e possíveis intoxicações. Armazene-os de acordo com as orientações do fabricante, além de manter em suas embalagens originais, juntamente com a bula”, conclui a farmacêutica.

 

Assessoria

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