Falha no sistema antigelo apontada como possível causa da queda do avião da VoePass

O piloto do avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP), Danilo Santos Romano, comentou sobre uma falha no sistema antigelo da aeronave. A informação foi divulgada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB, nesta sexta-feira (6). Porém, essa suposta falha ainda será apurada durante a investigação

 

Segundo o relatório preliminar, o copiloto, Humberto de Campos Alencar e Silva, comentou sobre a presença de “bastante gelo” na aeronave cerca de um minuto antes do avião começar a cair. Cerca de 16 minutos após a decolagem, o detector eletrônico de gelo exibiu um sinal de alerta. Os pilotos, então, acionaram o sistema antigelo. Segundo o reporte inicial, um alarme único foi ouvido na cabine e os tripulantes comentaram na sequência sobre a ocorrência de uma falha no sistema.

 

O relatório também mostra que o sistema antigelo foi ligado três vezes pelo piloto durante o voo. A FAB informou que os detalhes do reporte inicial foram apresentados primeiramente às famílias das vítimas.

 

O Cenipa confirmou que a aeronave estava certificada para voo em condições de gelo e os pilotos eram habilitados para essa condição. O órgão ainda constatou que as informações meteorológicas disponíveis apontavam para uma previsão de gelo severo na rota do voo.

 

O reporte inicial revela que uma das “packs” do avião -responsáveis pela pressurização, climatização e regulagem do ar- estava inoperante. Porém, o Cenipa ressaltou que isso não impede o voo, desde que os procedimentos sejam respeitados, como foi o caso no voo da Voepass.

 

Cenipa recuperou todos os dados e áudios das caixas-pretas da aeronave. Agentes do Cenipa analisam as atividades relacionadas ao voo, ambiente operacional e fatores humanos. São examinados componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.

 

Participaram da coletiva: o tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador do Cenipa; brigadeiro do ar Marcelo Morena, chefe do órgão; e o coronel aviador Carlos Henrique Baldin, chefe da Divisão de Investigação do Cenipa.

 

Como ocorreu a queda?

 

Avião saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. Ele decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware.

 

Aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4.000 pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.

 

Passageiros podem ter sido avisados. O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, responsável pela identificação das vítimas, afirmou no mês passado que a preservação das mãos da maioria dos passageiros mostra que eles podem ter sido alertados sobre a queda.

 

Casas de condomínio residencial foram atingidas após a queda. O Corpo de Bombeiros mandou sete equipes para a rua João Edueta. Em imagens gravadas por moradores da região do Distrito Industrial, é possível ver o momento em que a aeronave despenca.

 

A TV Globo divulgou informações registradas no gravador de voz do avião da Voepass. Ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva questionou ao piloto, Danilo Santos Romano, o que estava acontecendo naquele momento. O próprio copiloto afirmou que era preciso “dar potência” para impedir a queda, segundo a emissora.

 

Como era o avião?

 

O modelo ATR 72 era operado pela Voepass Linhas Aéreas e tinha capacidade para 68 passageiros. O Cenipa informou que a aeronave estava com a documentação em dia e autorizada a voar. O órgão responsável pelas investigações revelou também que os pilotos tinham o treinamento e as capacidades para operar a aeronave.

 

O CEO da Voepass, Eduardo Busch, destacou a experiência da tripulação. O comandante, Danilo Santos Romano, tinha 5.202 horas de voo. O copiloto, Humberto Campos de Alencar, acumulara 5.100 horas.

 

A companhia acrescentou que o avião passou por manutenção de rotina na noite anterior a queda. O trabalho foi realizado na base da empresa, em Ribeirão Preto (SP).

 

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