Talvez você conheça uma amiga ou até mesmo tenha vivenciado pessoalmente situações de violência por parte de um parceiro. Conforme uma pesquisa conduzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2021, um terço das mulheres no Brasil já sofreu algum tipo de violência física ou sexual ao menos uma vez. Esse dado, coletado pela primeira vez, ultrapassa a média global de 27%, quando também são consideradas as formas de violência psicológica. Desta forma, ao se incluírem esses tipos de agressões, a estatística de mulheres brasileiras que já enfrentaram episódios de violência aumenta para 43%.
Para inúmeras mulheres, o silêncio se torna seu principal aliado, uma estratégia que escolhem para proteger a si mesmas e tentar reduzir as consequências da agressão. Isso acontece devido ao receio de possíveis retaliações por parte do agressor, assim como a preocupação com o julgamento social e o sentimento de vergonha em relação à situação que enfrentam repetidamente.
“Durante dez anos fui vítima de violência doméstica. Meus seis filhos testemunharam inúmeros desses momentos, desde quando vivíamos no Paraguai. Em 2016, adoeci, suspeitando estar com câncer, o que me levou a vir para Toledo em busca de tratamento através do SUS. Felizmente, as suspeitas não se confirmaram. Durante esse período, meu ex-marido chegou a afirmar que eu não conseguiria sustentar minha família aqui sozinha, porém eu precisava recomeçar”, contou Elisabete Barbosa.
No ano de 2017, Elisabete deu início a sua jornada na Prati-Donaduzzi, onde teve a oportunidade de participar do projeto Magnólias em Ação. Essa iniciativa visa oferecer suporte e assistência para as colaboradoras que enfrentam situações de agressão, que podem ser físicas, verbais, sexuais, psicológicas ou econômicas.
“A partir do momento em que tomei consciência de que todas as experiências que vivenciei em meu casamento eram abusivas, e ao perceber que outras mulheres também compartilharam dessas vivências, pude seguir em frente. Notei que muitas delas enfrentam o medo e a vergonha da situação, além do receio de deixar seus filhos sem sustento financeiro, visto que muitas ainda dependem do homem como provedor do lar”, compartilhou.